domingo, 27 de novembro de 2011

I Don't Care

Pelo o que me diz respeito. 
Eu sou feita de dúvidas. 

O que é torto, o que é direito. 
Diante da vida. 
O que é tido como certo, duvido. 

E não minto pra mim. 
Vou montada no meu medo. 
E mesmo que eu caia, sou cobaia de mim mesma. 

No amor e na raiva, vira e mexe me compli...co. Reciclo.
Tô farta, tô forte, tô viva. 
E só morro no fim.

E pra quem anda nos trilhos cuidado com o trem.
Eu por mim já descarrilho. 
E não atendo a ninguém. 

Só me rendo pelo brilho de quem vai fundo. 
E mergulha com tudo, pra dentro de si.

Lá do alto do telhado pula quem quiser. 
Só o gato que é gaiato, cai de pé... 

Por Martha Medeiros

Saudade

Saudade não é o que a gente sente quando a pessoa vai embora. 

Seria muito simples acenar um ‘tchau’ e contentar-se com as memórias, com o passado. 

Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. 

É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. 

Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. 

Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai. 

A ausência ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. 

E faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê “sadio”. 

Ela faz a gente realmente acreditar que enlouquecemos. 

Ela nos deixa de cama, mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. 

Todas e ao mesmo tempo 

É o transtorno intermitente e perene de implorar por ‘um pouco mais’.

Saudade não é olhar pro lado e dizer “se foi”. 

É olhar pro lado e perguntar “cadê”?

Por Beeshop

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Desculpa

Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.



Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...

Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.

Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?

Reclama de mim, 
como se houvesse a possibilidade
De me inventar de novo.

Desculpa se te olho profundamente,
Rente à pele...

A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.

Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!

Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço

Do meu ser...

Vibrante, 

Errante, 

Sujo, 

Livre, 

Quente.

Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."


Foto: Natalie Portman in Closer- Perto Demais
Texto: Ana Carolina - Adaptação unindo trechos das obras do poeta gaúcho Fabrício Carpinejar e do poeta russo Boris Pasternak

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Amar, verbo transitivo



Se quiseres conquistar,
deixa o modo imperativo,
e conjuga o verbo amar
com jeitinho indicativo.

Amar, verbo transitivo
que nos altera a razão
faz do sujeito um cativo,
do objeto, o rei da oração!!


(Por Margarida Ottoni)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Not halves

Meios amigos não me conquistam, 
meias verdades não me iludem, 
meias vontades não me interessam, 
meias palavras não me convencem,
meias histórias não me impressionam, 
meios amores não me enlouquecem... 

Não me dou pela metade, 
e nem gosto de pessoas assim. 

Gosto que falem 
que pensem 
que chorem 
quando tiver que chorar. 

Gosto que amem, 
que se enganem,
perdoem e 
que se permitam errar.

A vida é curta demais 
pra que você não se entregar. 
Doe-se por inteiro, 
ou você pode não ter uma segunda chance.

Por Amanda Vieira

Sim

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Definitivo



Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,

por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, 
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, 

impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, 

que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? 

A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, 

nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,

perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


Por Carlos Drummond de Andrade (o cara!)

domingo, 6 de novembro de 2011

Mais que Tempo

Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas,
 num trecho ou outro da estrada, 
eu já senti tanta dor que parecia 
que os golpes haviam me quebrado toda por dentro.
 
Não sabia se era possível juntar os pedaços, por onde começar, 
nem se o cansaço me permitiria movimentos na direção de qualquer tentativa. 

Quando o susto é grande e dói assim, 
a gente precisa de algum tempo para recuperar o fôlego outra vez. 
Para voltar a caminhar sem contrair tanto os ombros e a vida. 
Um espaço para a gente quase se reinventar.

O tempo passa. O fôlego retorna.
Parece milagre, mas as sementes de cura começam a florescer 
nos mesmos jardins onde parecia que nenhuma outra flor brotaria. 
A alma é sábia: enquanto achamos que só existe dor, 
ela trabalha, em silêncio, para tecer o momento novo. E ele chega. 

Por Ana Jácomo

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

This Love

Eu estava tão chapada que não reconheci
O fogo queimando nos olhos dela
O caos que controlava minha mente
Ela sussurrou "adeus" e entrou num avião
Pra nunca mais voltar

Mas para sempre em meu coração
Esse amor me abalou
Ela disse adeus muitas vezes antes
E o coração dela está quebrando na minha frente
Eu não tenho escolha porque não direi mais adeus

Eu dei o meu melhor para saciar o apetite dela
Fazendo-a gozar toda noite
Tão difícil mante-la satisfeita

Continuava a fazer amor como se isso fosse só um jogo
Fingindo sentir o mesmo
Daí dava meia-volta e ia embora de novo... pra sempre

Esse amor me abalou
Ela disse adeus muitas vezes antes
E o coração dela está quebrando na minha frente
Eu não tenho escolha porque não direi mais adeus

Eu vou consertar essas coisas quebradas
Reparar suas asas quebradas
E certificar que tudo está bem (tudo está bem)

Vou fazer pressão nos seu quadris
Afundar meus dedos
Em cada centímetro de você
Porque eu sei que é isso que você quer que eu faça

Esse amor me abalou
Ela disse adeus muitas vezes antes
E o coração dela está se partindo na minha frente
Não tenho escolha ...

Porque não direi mais adeus. . .


Por Maroon 5