sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Te Quero


Te quero
E porque te quero
Esse querer
Que me queira...

Que me deseje
Como te desejo
Me roube um beijo
Sem que eu espere.

Me dê uma rosa
Num dia qualquer
Me faça um elogio
De cabelos desarrumados
Me faça os dengos
De toda mulher

Me olhe frente
Ao espelho
E me faça rir
Da minha vaidade

Me abrace quando
O sol acordar
Pedindo a ele
Que se demore
Pra no céu clarear

Me ame
Quando a lua voltar
E dormindo me chame
P'ra no seu sonho entrar

E quero porque te amo...
Te amo porque te quero
E esse querer quase insano
que me ame como te amo.


Por Sirlei L. Passolongo

Tímida

— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)


— Ah. Porque eu sou tímida.


Por Rita Apoena

Teu Beijo

Ontem,
Quando de mim te despediste...
E me mandaste um beijo

Eu te perguntei:
– Onde?
Sem querer,
Satisfizeste o meu desejo
Quando disseste:
– Na tua boca!

Fechei os olhos e imaginei
Tal e qual me falaste.
Bateu forte o coração.
Meu Deus, que coisa louca!
Até senti o gosto da tua boca,
Quando, na imaginação
Me beijaste....

Tua boca, eu nem sabia
Que era assim, tão macia.
E o teu beijo tão molhado,
Demorado,
Fez um estrago em mim.

Ocupou meu pensamento
E eu fiquei todo tempo 
Querendo
Outro beijo assim!

Por C. Almeida Stella

Meu Desejo

Porque não vens agora, que te quero 

E adias esta urgência?

Prometeste-me o futuro e eu desespero 

O futuro é o disfarce da impotência... 

Hoje, aqui, já, neste momento, Ou nunca mais. 

A sombra do alento é o desalento 

O desejo o limite dos mortais. .


Por Miguel Torga