terça-feira, 17 de maio de 2011
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón
Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente, como um relâmpago iluminado a Terra! Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
A Roupa nova da Rainha
Só vou ouvir seu "não" se anteceder um "pare".
De resto, quero gemidos, quero sussurros.
Ao apertar tua cintura à altura dos desejos,
Não vou impedir que o coração dispare
Nem um corpo sincopado na medida dos impulsos.
Venha nua, com a mão no bolso.
Seja a sua ou o meu
Seja a sua mão ou o meu bolso.
Venha nua, ou irei eu.
Venha nua, ou te rasgo a roupa.
Beijo-te as costas e as coxas.
Mordo-te as nádegas e a boca
Cheiro cabelos e nuca,
Beijo-te o ombro e o pescoço
Mãos, barriga, virilha e vulva.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Fêmea
Sempre foi reservada de mais.
Eu, por outro lado, tenho dez dedos (e adicionais).
Quero abrir a porta do meu quarto
e te ver nua!
Sem receios, sem vergonha
Sem querer voltar atrás.
Que sejas só ousadia,
que largue junto com as roupas, o medo
Que seja só por um dia,
sem culpa, só tua fome de desejo
...e, quando eu fechar a porta,
sabe que há algo mais.
Me devore, me leve as forças
Me faça caça, e tua.
Que sejas só mulher,
vontade, ainda que efêmera
Que sejas tudo o que és:
no cerne, na carne, fêmea.
Escrito por Renato Menezes
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